
Há descoberta pela Etiópia
Na Etiópia, o café é muito mais do que uma bebida. A primeira planta de café arábica cresceu aqui. Um antigo provérbio etíope, "Buna dabo Naw", traduz se por: "O café é o nosso pão". O café é partilhado com a família e amigos através de cerimónias diárias em casa, onde os grãos de café verde são colhidos, torrados, moídos finamente e depois preparados numa Jebena (cafeteira etíope), onde é servido. Este café traz sabores cítricos e cacau negro. Corpo completo e acidez alta. Entrar na Etiópia foi como entrar no próprio coração da cultura do café. O ar estava impregnado com o aroma terroso dos grãos recém-torrados, e fiquei imediatamente impressionado pela reverência que os locais tinham pelo seu café. Conhecida como o berço do café, a Etiópia tem uma rica história que se entrelaça com o cultivo desta bebida tão amada. Aqui, o café não é apenas uma bebida; é um símbolo de comunidade, hospitalidade e tradição.
A importância das origens do café tornou-se evidente ao aprender sobre a lenda de Kaldi, o pastor de cabras que descobriu o café ao notar como as suas cabras ficavam energéticas depois de comer as cerejas. Esta história é emblemática da profunda conexão da Etiópia com o café, onde cada xícara está imersa em história e cultura. Durante o meu tempo na Etiópia, tive o privilégio de visitar várias fazendas de café, onde conheci agricultores apaixonados e dedicados à preservação do seu ofício. Estes encontros foram esclarecedores; testemunhei em primeira mão os processos meticulosos envolvidos no cultivo do café, desde a colheita manual das cerejas maduras até aos métodos tradicionais de secagem e torrefação. Os agricultores partilharam o seu conhecimento sobre a terra, as variedades que cultivavam e a importância de práticas sustentáveis. Um agricultor, em particular, destacou-se para mim. Ele falava com orgulho sobre o compromisso multi-geracional da sua família com a agricultura do café, enfatizando a importância de preservar os sabores únicos da sua região. Fui convidado a participar na cerimónia do café, onde aprendi não apenas sobre o processo de preparação, mas também sobre as histórias e rituais que a acompanham.
Cada passo estava carregado de significado, desde a torrefação dos grãos até ao serviço do café, que frequentemente era acompanhado por petiscos e conversas calorosas. À medida que passei mais tempo na Etiópia, desenvolvi uma profunda conexão emocional com as pessoas que conheci. As suas histórias estavam repletas de resiliência, alegria e um amor enraizado pela sua cultura. Ouvi contos de triunfos e desafios, as dificuldades da mudança climática que afetam as suas colheitas e as suas esperanças para o futuro. Estas narrativas pintaram um quadro vívido de uma comunidade profundamente entrelaçada com a terra e o café que produzem.
A calorosa hospitalidade do povo etíope deixou uma impressão duradoura em mim. Fui acolhido nas suas casas, onde as famílias se reuniam para desfrutar do café em conjunto, partilhando risos e histórias. Este espírito comunitário reforçou a minha crença de que o café não se trata apenas de consumo, mas de conexão. Através destes encontros, percebi que a minha jornada era mais do que apenas descobrir o café; tratava-se de forjar laços e entender a rica tapeçaria das experiências humanas. O amor e orgulho que os agricultores tinham pelo seu ofício inspiraram-me a honrar as suas tradições no meu próprio trabalho, alimentando a minha paixão por um café de qualidade que reflete as suas histórias e herança.